quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Cotidiano

Uma semana inteira. Sete dias. Iguais. Nomes diferentes. Vinte-e-quatro horas. Repetição. Tempo repetido fazendo a mesma coisa todo dia. Manhã; tarde; noite. Repetindo todas as mesmas coisas pra chegar no fim-do-dia e ver que o fim foi o mesmo que o fim-do-dia anterior. No fim tudo é igual - com nomes diferentes. E significados, talvez.

Meus dias estão seguindo uma rotina de acordar, tomar café, sair, voltar pra casa, tomar café - comer alguma coisa, digo almoço - , sair, voltar pra casa, tomar café e esperar o efeito do café passar pra conseguir dormir mal. Todo dia.

E daí o dia começa de novo. Acordando mal por ter dormindo mal porque o efeito do café demorou pra passar. Acordando mal e preparando café pra conseguir realmente acordar - às vezes os sonhos são tão bons que tenho vontade de dormir pra sempre. Acordando e começando um novo dia do mesmo modo que a noite anterior acabou. Ou a madrugada. Depende do relógio - e do café.

Dependência, talvez seja essa a palavra. Dependo realmente do relógio e do café.

Do relógio e suas horas confusas que passam rápido e não me deixam fazer nada. Fazendo com que eu fique preso em uma rotina de começar e acabar todo dia da mesma forma que o dia anterior acabou e começou e que o dia seguinte começará e acabará. Tudo começa e acaba todo dia, é o que o relógio na parede diria se falasse. Mas as paredes só me ouvem. Só.

O café é o que me deixa fazer as poucas coisas que eu faço. E faço mal feito porque quando começo a fazer o relógio me diz que o dia tá acabando. É nesse momento que eu tomo mais café pra atrasar os ponteiros do relógio e ter mais tempo para fazer mais alguma coisa.

Durmo mal por esses dois motivos. O relógio diz que meu tempo acabou e o café tenta adiar um pouco mais o fim-do-dia. Uma disputa para jogar o fim lá pra frente. Como se pudesse me esconder do que só eu vejo; a minha cara cansada e embriagada no espelho do banheiro na hora que escovo os dentes.

Se eu comentar sobre o espelho vou ter que usar as mesma palavras que usei até agora. O espelho não me mostra nada de novo. Só mostra coisas repetidas. Como os meus dias.

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