sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Álbum de Fotos

A Sala.
Cheguei em casa e encontrei um álbum de fotografias aberto em cima da mesinha de centro, a casa vazia com a janela da sala de estar levemente aberta e a TV ligada, estranhei. Só eu tenho a chave da minha casa; ninguém nunca entra ali dentro sem convite. Fechei a porta.

Me aproximei da janela e o vento entrou com uma força brusca e senti quão frio estava lá fora e achei estranho não sentir isso enquanto estava lá. Peguei o controle remoto e tentei desligar a TV, mas me dei conta que as pilhas haviam acabado e fiz tal ação manualmente. Me direcionei ao centro da sala de estar, sentei no canto do sofá e olhei algumas fotos que estavam em um álbum aberto e algumas que haviam caído no chão. Não ajuntei, apenas fiquei observando. Entre as fotos vi uma que eu bati há uns três anos atrás. Fechei os olhos.

A Cena.
Eu parado no meio da calçada quadriculada como um tabuleiro de xadrez em cores amarela e preta, você dizendo repetidamente com uma voz suave que lembrava a inocência de uma criança, ou algo parecido. "Hey, olha aqui e registra esse momento". Olhei na tua direção e direcionei a minha máquina para você. Você estava fora da calçada, metida com os pés na areia - tão amarela quanto a calçada que eu pisava - e segurando o all-star na mão esquerda. Atrás de você, alguns metros amarelo distanciavam tuas pernas do azul do mar e das ondas fortes que iam e vinham. Pouco mais atrás, o pôr-do-sol encostava na água fazendo uma das cenas mais belas do mundo. Registrei.

A Foto.
Direcionei minha máquina na tua direção e observei todos os detalhes. Teu cabelo, teu tênis, os grãos de areia, as bolhas na hora que a onda quebrou na praia, pequenos raios de sol saindo daquela bola gigante. Observei tudo. Ajeitei meu foco dentro do meu olho pra conseguir as cores tão mais lindas, pra ter uma foto de um momento de felicidade. Talvez o maior deles. Talvez A Própria. Quando eu apertei o botão a minha máquina fotográfica só capturou teu sorriso, a parte mais importante: a tua felicidade. Todos os outros detalhes daquele momento estão tão presentes na minha memória que basta fechar os olhos e vê-los gravados nas minhas pálpebras. Abri os olhos. Vi você. Parada ao lado da porta com uma chave na mão. Fechei os olhos e ali estava você também. Em todo lugar.

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