sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Parte Cinco - O Assobiador

Os Jogadores
(um dado de sete lados)

[...]
Sete.
Você joga o dado e o vê chegando, e percebe com clareza que não se trata de um dado comum. Diz que foi azar, mas sabia o tempo todo que ele teria que vir. Você o intrduzio na sala. A mesa farejou-o em seu hálito. O judeu projetava-se de seu bolso desde o começo. Sujou sua lapela e, no momento de jogar, você sabe que é um sete - a única coisa que, de algum modo, encontra um jeito de feri-lo. O dado cai. Fita você nos dois olhos, miraculoso e repugnante, e você desvia o olhar enquanto ele lhe devora o peito.
Um Simples azar.
É o que você diz.
Sem a menor importância.
É nisso que você se faz acreditar - porque, no fundo, sabe que essa pequena mudança de sorte é um sinal das coisas que estão por vir. Você esconde um judeu. Você paga. De um modo ou de outro, tem que pagar.
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Markus Zusak, 2006 - A Menina Que Roubava Livros

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