quinta-feira, 10 de março de 2011

Sobre o mar.

"E aí, cara?"

Foi isso. Eu tava lá, sentado no canto, quieto, rindo baixo, sozinho e ele disse assim: "e aí, o que vai ser, hein?" e eu não soube o que responder. Pedido simples; resposta curta: uma cerveja. Mas eu não soube dizer. Ele repetiu e fiquei olhando perdidamente; por algum momento jurei reconhecer um velho amor na mesa ao lado. Momentos são rápidos demais e o amor tem que ser sempre novo. Olhei novamente pro garçom e fiz o pedido; demorou pouco tempo para trazer. Calmamente serviu meio copo e assim que a garrafa fez barulho ao ser solta na minha mesa, tomei o primeiro gole.

Depois de vários goles e várias garrafas fiquei observando as coisas ao meu redor. As outras pessoas fumando, bêbendo. Caindo ao entrar - já bêbadas - ou sair - mais bêbadas do que entraram. Fiquei procurando o meu lugar no meio daquilo tudo. Não encontrei. Pensei no amor - velho e novo -, de forma estranha. Pensei no amor dentro de uma garrafa navegando por um mar imenso esperando ser encontrado por algum pirata ou um alguém qualquer em uma praia do outro lado do mundo. Pensei em como seria mais difícil, estranho e impossível estar procurando um baú cheio de tesouros ou andando na praia em qualquer praia e achar uma garrafa com um bilhete e então se apaixonar. Assim, coisa idiota.

Desconsiderei toda a idéia de amar e navegar num mar incerto e tomei outro gole de outra garrafa que o garçom me trouxe, sem amor. Sem perceber eu já estava à deriva. Procurei uma saída, o amor não tem. Procurei por terra, estava no meio do oceano. De repente sou um bilhete dentro de uma garrafa; esperando um alguém qualquer me encontrar.

"Você quer ir para a beira do mar? Eu não estou tentando dizer que todos querem ir; mas eu me apaixonei na beira do mar."

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O texto tem várias refêrencias. Mas a base de tudo é Seaside da The Kooks e À Deriva da Supercombo.

1/2.

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